sábado, 29 de outubro de 2011

Rumo a estrela artificial controlada

Usando 60 raios lasers de alta potência, combinados para atingir uma cápsula minúscula, físicos produziram um plasma com condições de densidade de energia extremas.

© LLNL (Omega Laser)

Essas condições incluem uma pressão de 100 bilhões de atmosferas, uma temperatura de 200 milhões Kelvin e uma densidade 20 vezes maior que a do ouro.

Antes desse super disparo de laser, essas condições só podiam ser encontradas no núcleo de planetas gigantes, como Júpiter e Saturno, ou no interior das estrelas.

O experimento é um dos caminhos rumo à construção de uma "estrela artificial" controlada, onde a fusão nuclear poderá ser explorada para a geração sustentável de energia.

Muitos físicos acreditam que a fusão nuclear a laser seja a melhor saída para essa fonte de energia limpa.

O laboratório Omega Laser Facility, localizado na Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, onde o recorde acaba de ser batido, é um dos que trabalham nesse sentido.

Os pesquisadores normalmente usam aceleradores para estudar as reações nucleares.

Neste laboratório, a equipe usou uma abordagem diferente, criando um plasma quente e denso, no qual elétrons são arrancados dos átomos para criar um plasma, o quarto estado da matéria.

O estado de plasma está presente nas estrelas, nos relâmpagos e até nas lâmpadas fluorescentes, na verdade 99% do Universo visível é composto de plasma.

Para obter esse plasma, todos os 60 feixes de laser do Laboratório Ômega foram dirigidos simultaneamente para a superfície de uma cápsula de vidro de um milímetro de diâmetro, cheia de isótopos pesados de hidrogênio - deutério e trítio.

laser sobre uma esfera de vidro com deutério e trítio

© LLNL (laser sobre uma esfera de vidro com deutério e trítio)

Os feixes de laser geram um plasma em rápida expansão, de alta temperatura, na superfície da cápsula, fazendo-a implodir.

Esta implosão, por sua vez, cria um plasma extremamente quente (100 milhões Kelvin) de íons de deutério e trítio, e de elétrons, dentro da cápsula.

Uma pequena fração dos íons de deutério e trítio se fundem, um processo que gera um nêutron viajando a um sexto da velocidade da luz, com cerca de 14,1 milhões de elétron-volts de energia - em comparação, a combustão de uma substância química comum, como a madeira ou o carvão, gera cerca de 1 elétron-volt de energia.

Conforme esses nêutrons energizados escapam da cápsula que está implodindo, uma pequena fração colide com os íons de deutério e trítio.

A partir dessas colisões, bastante raras, e da correspondente transferência de energia dos nêutrons para os íons, os pesquisadores podem obter uma medição precisa do processo de fusão nuclear.

Fonte: Physical Review Letters

Os buracos Kondo na supercondutividade

Pesquisadores usaram um composto de urânio, rutênio e silício (URu2Si2), que é conhecido como um "sistema de férmions pesados"  para obter efeitos sobre a supercondutividade, a capacidade de alguns materiais de transportar correntes elétricas sem resistência.

efeitos dos buracos Kondo na supercondutividade

© Davis Group (efeitos dos buracos Kondo na supercondutividade)

Os resultados revelaram como a substituição de apenas alguns átomos pode causar perturbações generalizadas das delicadas interações que dão ao material suas propriedades únicas, incluindo a supercondutividade.

É um sistema onde os elétrons que trafegam através do material param periodicamente para interagir com os elétrons localizados nos átomos de urânio que compõem a estrutura do cristal.

Essas interações magnéticas desaceleram os elétrons, fazendo com que pareça que eles têm uma massa extra, mas também contribui para a supercondutividade do material.

Em 2010, Séamus Davis, físico do Laboratório Nacional Brookhaven, dos Estados Unidos, e um grupo de colaboradores visualizaram esses férmions pesados pela primeira vez, usando a técnica de obtenção de imagens espectroscópicas por microscopia de tunelamento (STM-SI), que mede o comprimento de onda dos elétrons do material em relação à sua energia.

A ideia deste novo estudo foi "destruir" o sistema de férmions pesados, substituindo o tório por alguns dos átomos de urânio. O tório, ao contrário do urânio, não é magnético, portanto, em teoria, os elétrons deveriam ser capazes de se mover livremente ao redor dos átomos de tório, em vez de parar para os breves encontros magnéticos que têm com cada átomo de urânio.

Estas áreas onde os elétrons deveriam fluir livremente são conhecidas como "buracos Kondo", uma homenagem ao físico Jun Kondō que descreveu o espalhamento dos elétrons condutores devido as impurezas magnéticas.

Os elétrons fluindo livremente podem auxiliar na corrente elétrica sem resistência, mas os buracos Kondo acabam se tornando bastante destrutivos para a supercondutividade.

Trabalhando com amostras de tório dopado, feitas pelo físico Graeme Luke, na Universidade McMaster, a equipe de Davis usou sua ferramenta STM-SI para visualizar o comportamento dos elétrons.

Foram identificados inicialmente os locais dos átomos de tório na rede, e consequentemente as funções de onda da mecânica quântica dos elétrons em torno desses locais.

As medições confirmaram várias das previsões teóricas, incluindo a ideia proposta no ano passado pelo físico Dirk Morr, da Universidade de Illinois, de que as ondas de elétrons iriam oscilar descontroladamente ao redor dos buracos Kondo.

Assim, destruindo os férmions pesados, que devem emparelhar-se para o material agir como um supercondutor, os buracos Kondo interrompem a supercondutividade do material.

A técnica de visualização também revelou como apenas alguns poucos buracos Kondo podem provocar uma destruição generalizada.

O que os cientistas descobriram ao estudar esse exótico sistema de férmions pesados pode também valer para o mecanismo de outros supercondutores que operam em temperaturas mais altas.

Fonte: Proceedings of the National Academy of Sciences

sábado, 22 de outubro de 2011

Usando o Sol para testar teorias alternativas

Um grupo de físicos portugueses está propondo que o Sol seja usado para testar algumas teorias alternativas à Teoria da Relatividade Geral de Einstein.

Sol

© NASA/SOHO (Sol)

Jordi Casanellas e seus colegas da Universidade Técnica de Lisboa afirmam que uma teoria proposta há mais de um século por Arthur Eddington não foi totalmente descartada pelas observações recentes dos neutrinos solares e das ondas acústicas solares.

E, segundo eles, uma variante da teoria de Eddington pode ajudar a resolver algumas das deficiências das teorias atuais.

A Teoria da Relatividade Geral, que descreve a gravidade como a curvatura do espaço-tempo por corpos celestes de grande massa, tem passado por todos os testes aos quais tem sido submetida ao longo dos anos. Mas existem problemas para serem resolvidos.

Além da bem conhecida dificuldade de unificação com a mecânica quântica e das ainda pendentes explicações para a matéria e a energia escuras, há o problema bem mais sério das singularidades, onde as leis da física simplesmente se esfacelam.

Em 2010, Máximo Bañados (Universidade Católica do Chile) e Pedro Ferreira (Universidade de Oxford) propuseram uma variante da teoria de Eddington que adiciona um termo gravitacional repulsivo para a teoria da relatividade.

Mas o que parece ser a simples adição de mais um membro a uma equação tem um efeito devastador sobre o entendimento mais geral do cosmo.

Esse termo gravitacional repulsivo não apenas elimina a necessidade das singularidades, ele descarta a formação dos buracos negros e a ideia de que o Universo teria surgido de um Big Bang.

Quando tenta interpretar um campo gravitacional em um vácuo, essa teoria inspirada em Eddington é equivalente à Teoria da Relatividade. Mas ela prevê efeitos diferentes para a gravidade agindo no interior da matéria.

O lugar ideal para testar essas diferenças seria o interior de estrelas de nêutrons. Embora se acredite que estrelas de nêutrons possam ativar o vácuo quântico, não se sabe o suficiente a respeito delas para comparar as duas teorias. Por exemplo, recentemente foi encontrada uma estrela de nêutrons cuja existência parecia ser impossível.

O Sol é uma fonte de gravidade muito menos extrema do que uma estrela de nêutrons, porém o funcionamento do seu interior já é razoavelmente bem descrito pelos modelos solares.

O grupo de Casanellas calculou que, mesmo em sua forma newtoniana, não-relativística, a teoria derivada de Eddington prevê diferenças quantificáveis nas emissões solares em comparação com a teoria gravitacional padrão, desenvolvida por Einstein.

O termo gravitacional repulsivo na teoria de Bañados e Ferreira seria equivalente a dar um valor diferente para a constante gravitacional no interior da matéria.

E intensidades diferentes da gravidade no interior do Sol devem resultar em diferenças em sua temperatura interna, uma vez que se assume que o Sol está em equilíbrio hidrostático, ou seja, a pressão para dentro de sua massa é equilibrada pela pressão para fora gerada pelas reações de fusão nuclear em seu interior.

Uma temperatura mais elevada implica uma maior taxa de fusão nuclear, implicando em uma maior taxa de emissão de neutrinos solares, algo diretamente mensurável.

Uma força da gravidade maior no interior do Sol propicia numa variação na sua distribuição de densidade, o que deve modificar a propagação das ondas acústicas em seu interior, podendo ser medida com as técnicas da heliossismologia.

Todos esses dados já estão disponíveis. Contudo, eles colocam sérias restrições à nova teoria, impondo limites muito estreitos para seus valores.

Um teste mais rigoroso exigiria melhorias nos modelos solares, incluindo a abundância de hélio na superfície do Sol, ou medições mais precisas dos fluxos de neutrinos.

Paolo Pani, um dos membros da equipe, sugere um teste alternativo, aqui na Terra mesmo.

Para ele, tanto a teoria derivada de Eddington, quanto outras teorias alternativas da gravidade, poderiam ser testadas medindo a atração gravitacional entre uma esfera de metal inserida em um buraco no solo e a massa da Terra ao seu redor.

A ideia é fazer um buraco onde coubesse apenas a esfera, e nada mais, com uma precisão gigantesca, de forma que a medição mostrasse apenas a intensidade da gravidade no interior da matéria, e não no vazio ao seu redor.

Entretanto, tal experimento apresenta desafios consideráveis.

Fonte: Physics World

sábado, 8 de outubro de 2011

A pura luz do laser de raios X

Pesquisadores analisaram os primeiros resultados do LCLS (Linac Coherent Light Source), uma fonte de laser de raios X recém-inaugurada na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.
estação de espalhamento de raios X ressonante
© SLAC (estação de espalhamento de raios X ressonante)
Na medida da coerência do laser, que é o grau em que as ondas de luz são sincronizadas, descobriu-se que o LCLS produz a mais coerente radiação de raios X já medida.
Com um feixe de tão alta qualidade, a máquina é capaz de determinar a estrutura atômica de materiais com um nível de precisão sem precedentes.
Isto será útil em campos tão diversos quanto a descoberta de novos medicamentos, a engenharia de materiais e até a arqueologia.
Desde a invenção do maser, em 1957 - o antecessor de micro-ondas do raio laser de luz visível - cientistas têm desenvolvido lasers com comprimentos de onda cada vez mais curtos, aplicando-os a uma crescente variedade de propósitos.
Mas fazer lasers com comprimentos de onda muito curtos é um desafio. Para que uma fonte de luz seja um laser, a maioria dos seus fótons deve ser coerente, e eles devem oscilar em sincronia.
Uma alta coerência significa que a luz vai difratar mais precisamente, o que, para um feixe de raios X, significa imagens mais nítidas da estrutura atômica que está sendo estudada.
Feixes de laser também têm vários modos de oscilação, assim como instrumentos de cordas e tambores, e o feixe ideal tem todos os seus fótons contribuindo para um único modo.
detector Linac Coherent Light Source
© SLAC (detector Linac Coherent Light Source)
Quando o LCLS começou a operar, a evidência para uma luz verdadeiramente laser foi a presença de pulsos de raios X brilhantes, monocromáticos e altamente focados.
No entanto, até agora, as estimativas da coerência da luz eram baseadas unicamente em simulações.
Agora, os cientistas mediram na prática um tempo de coerência de 0,55 femtossegundo, o que significa que o pulso tem efetivamente a mesma cor e intensidade durante esse intervalo de tempo, equivalente a uma distância de cerca de 150 nanômetros ao longo da direção do feixe.
Assim, uma amostra de 150 nanômetros de profundidade pode ser iluminada com luz coerente de uma única vez, gerando uma fotografia da amostra com um grande campo de visão, da largura de milhares de átomos.
Ter este nível de coerência significa que a maioria dos fótons está confinada a um único modo espacial.
Cerca de 78% dos fótons do laser de raios X estavam no modo dominante, em comparação com menos de 1% em uma fonte de luz síncrotron de raios X típica.
Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista Physical Review Letters.
Fonte: SLAC National Accelerator Laboratory

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Resfriamento luminoso

Um grupo internacional de pesquisadores, com participação brasileira, conseguiu pela primeira vez, utilizando um laser, resfriar um nano-objeto mecânico até o seu estado de mais baixa energia possível, a chamada energia de ponto zero.
resfriamento a laser
© Nature (resfriamento a laser)
De acordo com os autores, ao empregar a luz para colocar um sistema mecânico sólido no estado de energia de ponto zero - e no qual ele se comporta de acordo com as leis da mecânica quântica - o estudo abre caminho para o desenvolvimento de detectores de massa e força extremamente sensíveis, além de abrir perspectivas para a realização de experimentos quânticos em sistemas macroscópicos.
O trabalho foi realizado por pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), dos Estados Unidos, em colaboração com uma equipe da Universidade de Viena, na Áustria.
Um dos autores é o brasileiro Thiago Alegre, atualmente professor do Departamento de Física Aplicada da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Nos últimos três anos, Alegre esteve no Caltech como pós-doutorando, depois de concluir o doutorado na Unicamp, com bolsa da FAPESP.
Com o uso de um laser, o grupo resfriou a microcavidade de um nano-objeto até seu estado de energia de ponto zero. O feito só havia sido alcançado anteriormente em sistemas de armadilhas ópticas contendo poucos átomos.
"Usamos um recurso óptico, o laser, para resfriar um sistema mecânico sólido ao estado de mais baixa energia possível. Isso só havia sido feito com poucos átomos ou íons, mas conseguimos fazê-lo com um sistema composto por bilhões de átomos. O estudo abre caminho para realizar experimentos quânticos em sistemas macroscópicos, o que é um sonho dos cientistas há quase uma década", disse Alegre.
Para o experimento, os cientistas projetaram e fabricaram uma cavidade óptica nanométrica, composta de uma pequena viga feita de silício, na qual buracos da ordem de 200 nanômetros são cuidadosamente posicionados. A estrutura tem dimensões de cerca de 560 nanômetros de largura e 15 mícrons de comprimento. O mícron e o nanômetro são, respectivamente, a milionésima e a bilionésima parte do metro.
"Essa geometria forma uma cavidade óptica onde apenas uma frequência - ou cor - de um laser pode ser confinada. O sistema tem a capacidade de servir como oscilador mecânico, podendo também aprisionar fônons - as partículas associadas com oscilações mecânicas, assim como os fótons estão associados com as oscilações eletromagnéticas, ou luz", explicou.
Por confinar em um mesmo local fótons e fônons, a pequena estrutura intensifica a interação entre vibrações mecânicas e luz. "Trata-se de um sistema optomecânico. A luz que atravessa essa cavidade, carregando informação sobre a amplitude de oscilação do sistema, ou número de fônons, pode ser associada à temperatura desse modo de oscilação", disse Alegre.
Ao escolher cuidadosamente a frequência do laser de excitação, os pesquisadores conseguem extrair energia mecânica por meio da luz que sai da cavidade, resfriando o sistema, segundo o cientista. Com isso, criam uma interface eficiente entre um sistema óptico e um sistema mecânico onde a informação pode fluir de um para outro.
Estabelecer o "diálogo" entre o mundo mecânico e o mundo óptico tem desdobramentos científicos importantes, segundo Alegre. Em outro estudo também publicado na Nature, no início de 2011, o mesmo grupo demonstrou os efeitos do modo mecânico sobre a luz, interação que possibilita em tese a criação de memórias ópticas.
"Já no trabalho que acaba de ser publicado, demonstramos o efeito da parte óptica sobre a parte mecânica. Demonstrando a interação pelos dois lados, abrimos a possibilidade de conseguir um controle muito maior sobre ela", afirmou Alegre.
Um dos recursos utilizados por cientistas para estudar efeitos quânticos em escala macroscópica tem sido os experimentos que utilizam a condensação de Bose-Einstein - uma fase da matéria formada por átomos em temperaturas próximas do zero absoluto.
Mas, segundo Alegre, para se trabalhar dessa maneira, o primeiro passo é levar o sistema ao estado fundamental, isto é, baixar sua temperatura global até poucas dezenas de milikelvins.
"Para chegar ao estado fundamental é preciso trabalhar com as temperaturas próximas de zero kelvin, o que é bastante complexo e caro. No nosso experimento, não baixamos a temperatura global do sistema. Trabalhamos com uma temperatura de cerca de 20 kelvin. Em vez de baixar toda a temperatura do sistema, criamos um caminho óptico para que apenas o modo vibracional chegasse próximo de zero kelvin", explicou.
Segundo Alegre, os cientistas criaram um caminho de fuga para os fônons através da luz. "Aprisionada na cavidade óptica, a luz tenta mudar de cor toda vez que a cavidade se move, absorvendo energia mecânica do sistema, que é assim resfriado", disse.
Fonte: Nature e FAPESP

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Qual será o destino final do Universo?

Os americanos Saul Perlmutter, Brian P. Schmidt e Adam G. Riess são os ganhadores do Prêmio Nobel de Física 2011 por seus trabalhos sobre a expansão acelerada do Universo, informou nesta terça-feira a Real Academia de Ciências da Suécia.
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© NASA/ESA (SN 1604 - supernova de Kepler)
Saul Perlmutter, nascido em 1959 nos Estados Unidos,  é astrofísico no Laboratório Nacional Lawrence Berkeley e coordena o Projeto Cosmológico Supernova, na Universidade da Califórnia. Foi eleito membro da Associação Americana para o Avanço da Ciência.
Brian P. Schmidt , nascido também nos Estados Unidos em 1967 e com nacionalidade australiana, é astrofísico do observatório Mount Stromlo da Universidade Nacional da Austrália.
Adam G. Riess, nascido em Washington em 1969, é astrofísico no Instituto Científico de Telescópios Espaciais da Universidade John Hopkins. Foi nomeado membro da Academia Nacional das Ciências dos Estados Unidos.
Saul Permutter, Adam Riess e Brian Schmidt
© AFP (Saul Permutter, Adam Riess e Brian Schmidt)
O prêmio de 10 milhões de coroas suecas, (cerca de R$ 2,8 milhões), será dividido em duas partes. Uma para Perlmutter e, a outra, entre Schmidt e Riess.
O Supernova Cosmology Project, da Universidade de Berkeley, e o High-z Supernova Search Team, da Universidade Nacional da Austrália, estavam mapeando o Universo em busca de suas supernovas (um tipo específico de estrelas no fim de sua vida) mais distantes, para tentar demonstrar que a expansão do Universo estava se desacelerando.
As observações feitas em 1998 por estes astrônomos, associados em duas equipes diferentes, sobre a explosão de supernovas e a análise da luz emitida nessas situações permitiu demonstrar que o Universo cresce de forma acelerada e não cada vez mais devagar, como se achava.
A descoberta da expansão acelerada do Universo foi possível através da observação de um tipo muito especial de supernova: a supernova Ia.
Trata-se da explosão de uma estrela muito antiga e compacta, tão pesada quanto o Sol, mas de tamanho relativamente pequeno, como o da Terra. Uma única supernova pode emitir, durante algumas semanas, tanta luz quanto uma galáxia inteira.
Os dois times de pesquisa descobriram mais de 50 dessas supernova e detectaram que a luz delas era mais fraca do que o esperado, um sinal de que a expansão do Universo estava acelerando.
Embora os resultados contrariassem todas as previsões, ambos os grupos chegaram às mesmas conclusões sobre a aceleração.
Acredita-se que o fenômeno seja causado pela energia escura, que compõe cerca de 70% do Universo e sobre a qual ainda quase não se sabe nada.
As pesquisas realizadas também mostram como as equações da teoria da relatividade geral, desenvolvida em 1915 pelo físico alemão Albert Einstein, estão corretas.
A constante cosmológica foi um recurso usado por Einstein para tentar equacionar a expansão do Universo com apenas a matéria visível disponível.
Antes de morrer, em 1953, Einstein reconheceu a constante cosmológica como um erro. Ele também admitiu que o Universo, de fato, estava se expandindo.
Agora, a constante cosmológica é utilizada para provar o aumento do Universo. Diferente da ideia inicial de Einstein, mas salvando um conceito que era tido como errado há mais de meio século.
No entanto, a descoberta de que essa expansão está se acelerando é espantosa. Se ela continuar acelerando, o Universo  vai acabar em gelo!
Fonte: The Royal Swedish Academy of Sciences

domingo, 2 de outubro de 2011

O Tevatron parou de acelerar partículas

O maior acelerador de partículas dos Estados Unidos, o Tevatron, localizado no estado de Illinois, encerrou suas atividades no dia 30 de setembro de 2011 depois de 25 anos recriando as condições do Big Bang.

Tevatron

© Fermilab (Tevatron)

O Tevatron ficou obsoleto após o aparecimento do Grande Colisor de Hádrons (LHC), um acelerador de partículas mais poderoso, o maior do mundo, construído na fronteira franco-suíça, pelo Centro Europeu de Pequisa Nuclear (CERN), um consórcio de 20 países.
Por causa da crise econômica, dificilmente os Estados Unidos, que já dominaram a área e colheram os louros de descobertas e inovações tecnológicas, serão capazes de reunir os recursos necessários para construir um substituto mais moderno para o Tevatron.
Por isso, físicos americanos se concentrarão em questões internas mais específicas e menos caras. Também trabalharão em conjunto com o CERN em projetos de alta energia, como a busca pelo Bóson de Higgs, batizada de "partícula de Deus".

Os cientistas do Fermilab dizem não poder prever o que os EUA perderão cedendo o domínio da física de alta energia para a Europa. Já os ganhos obtidos com o Tevatron são muito mais fáceis de quantificar. O Tevatron deu contribuições fenomenais para a Física de partículas, cuja principal descoberta foi o quark top em 1995.
Além de aprofundar nosso conhecimento sobre os mistérios fundamentais do Universo, o Tevatron também levou a uma série de avanços concretos. Entre eles está o uso generalizado da geração de imagens por ressonância magnética (MRI) para diagnósticos médicos. Os supercondutores utilizados nos magnetos das máquinas de MRI eram raros e caros demais até que o Fermilab criou uma indústria com o Tevatron, gerando uma demanda de fios de supercondução suficientes para dar a volta na Terra 2,3 vezes.
Atualmente, os cientistas estão construindo uma câmera de energia escura, que será capaz de varrer a galáxia mais rápido do que qualquer outro telescópio. Sua função será descobrir porque a expansão do Universo acelera ao invés de recuar. Eles também trabalham na construção do feixe de neutrinos mais poderoso do mundo, que ajudará a explicar porque o Universo tem mais matéria do que antimatéria e aprofundar nosso conhecimento sobre suas partículas mais abundantes.

cavidades para acelerar partículas de alta intensidade

© Fermilab (cavidades para acelerar partículas de alta intensidade)

Além disso, existe o projeto do acelerador de neutrinos mais intenso do mundo, batizado Projeto X, tornando a melhor máquina para experimentos na fronteira de alta energia.

O feixe de partículas produzira káon, múon, além de neutrinos que tentariam desvendar questões importantes do século 21 na Física: O que aconteceu com a antimatéria? Como unificar todas as forças? Como o Universo surgiu?

Fonte: Fermilab e Veja