sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Lente de Luneburg é criada

Físicos do Reino Unido criaram uma lente de Luneburg, uma lente capaz de focalizar a luz em todas as direções, no interior de uma pastilha de silício.
lente de luneburg
©  Instituto Niels Bohr (ilustração do feixe de elétrons no grafite)
A maioria das lentes tem aberrações, o que significa que sua capacidade de focalizar a luz se deteriora quando a luz incidente está fora do eixo.
Mas na lente de Luneburg, proposta teoricamente há mais de 60 anos, a focalização funciona sempre da mesma forma, com a mesma qualidade, não importando de onde a luz esteja vindo.
O componente deverá ter aplicações em optoeletrônica, na chamada óptica de Fourier, usada pela indústria de telecomunicações para a redução de ruídos nas transmissões e para a compressão de dados.
Mas criar uma lente de Luneburg se mostrou algo complicado. Essas lentes exigem que o índice de refração, a propriedade que determina como a luz é desviada por uma lente, varie ao longo do dispositivo, com um máximo de √2 (aproximadamente 1,4) maior do que o mínimo.
Com tecnologia atual é impossível dopar um material com impurezas para atingir esse nível de contraste do índice de refração.
Outros cientistas tentaram fazer versões aproximadas da lente de Luneburg no passado, mas nunca alcançaram o resultado esperado.
Agora, Ulf Leonhardt e seus colegas da Universidade de St. Andrews criaram uma lente Luneburg para a luz infravermelha usando um guia de ondas de silício.
"Acreditava-se ser impossível construir uma lente de Luneburg no espectro visível ou próximo dele, a um custo razoável", comentou Juan Miñano, da Universidade Politécnica de Madrid, que não estava envolvido com a pesquisa.
O dispositivo criado por Leonhardt e seus colegas é um pedaço de silício microscópico, com a forma de uma lente de contato, servindo de recheio para duas camadas grossas de polímero e sílica, tudo posto sobre um substrato.
Quando os pesquisadores disparam um feixe de luz com um comprimento de onda de 1.575 nanômetros rumo ao dispositivo, a luz cobre a interface entre o polímero e a sílica, até atingir a lente, onde fica fortemente confinada.
Na verdade, a geometria da lente cria um perfil de índice de refração efetivo que varia de 1,4 a 2,8, focando o feixe em um ponto com 3.770 nanômetros de diâmetro.
Para uma lente de Luneburg ideal, este ponto focal deveria ter a metade do comprimento de onda, ou cerca de 800 nanômetros, quase cinco vezes menor do que os cientistas obtiveram.
Leonhardt afirma que a discrepância se deve a limitações da óptica, e que um feixe de luz que abrangesse toda a lente, e não apenas uma parte dela, produziria uma resolução melhor.
Igor Smolyaninov, pesquisador da Universidade de Maryland, nos EUA, que também trabalha com novos tipos de lentes, acha que a lente de Luneburg baseada em um guia de ondas é um resultado importante.
Smolyaninov já aprisionou um arco-íris dentro de uma armadilha de espelhos e ajudou a criar a primeira camuflagem que torna um objeto realmente invisível.
A equipe de Xiang Zhang, da Universidade da Califórnia em Berkeley, apresentou uma lente de Luneburg capaz de focalizar plásmons de superfície, que são ondas de elétrons que surfam na superfície de metais.
Fonte: Nature Nanotechnology

Nenhum comentário:

Postar um comentário