terça-feira, 30 de março de 2010

Recriação do Big Bang em colisões inéditas

Cientistas responsáveis pelo maior colisor de partículas do mundo, o LHC, conseguiram obter choques de prótons geradores de uma energia recorde de 7 TeV (tera ou trilhões de eletron volts), a energia máxima almejada pelo laboratório.
 feixe estável de prótons
© CERN (feixe estável de prótons quando atingiu 3,5 TeV)
Seu objetivo é recriar condições similares do Big Bang, a grande explosão que teria dado origem ao Universo. Os impactos de hoje chegaram a três vezes o máximo obtido antes.
No fim de novembro, o equipamento já havia atingido a marca de 1,18 TeV, e posteriormente chegou a 2,36 TeV em 2009, e com isso já se tornando o acelerador de partículas de energia mais alta do mundo.
"Isto é física em ação, o início de uma nova era, com colisões de 7 TeV", disse Paola Catapano, cientista e porta-voz do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN), de Genebra, ao anunciar o experimento.
Os aplausos foram intensos nas salas de controle quando os detectores do Grande Colisor de Hadrons (LHC), instalado na fronteira entre França e Suíça, marcaram o choque de partículas subatômicas a uma velocidade próxima à da luz. O colisor possui um túnel oval de 27 quilômetros de comprimento e custou US$ 9,4 bilhões.
 grande colisor de hádrons
© CERN/Efe-Martial Trezzini (LHC, Grande Colisor de Hádrons)
"Estamos abrindo as portas à Nova Física, a um novo período de descobertas na história da humanidade", disse Rolf Dieter Heuer, diretor geral do CERN.
Cada colisão entre as partículas cria uma explosão que permite que milhares de cientistas vinculados ao projeto em todo o mundo rastreiem e analisem o que aconteceu um nanossegundo depois do hipotético Big Bang original, 13,7 bilhões de anos atrás.
O CERN reativou o LHC em novembro, depois de paralisá-lo nove dias depois do lançamento inicial, em setembro de 2008, quando a máquina se superaqueceu devido a problemas no cabo supercondutor que conecta dois ímãs de refrigeração.
 ímãs restaurados
© CERN/Maximilien Brice (dutos com ímãs restaurados)
Os cientistas esperam que a grande experiência lance luz sobre mistérios importantes do cosmos, como a origem das estrelas e dos planetas e o que exatamente é a matéria escura.
Os físicos estão se concentrando na identificação do bóson de Higgs, a partícula que recebeu o nome do professor escocês Peter Higgs, que três décadas sugeriu que algo como ela torna possível a conversão da matéria criada no Big Bang em massa.
Tentativas anteriores de encontrar a partícula fracassaram. Segundo os físicos, a presença dela no cosmos permitiu que os escombros gasosos após o Big Bang se transformassem em galáxias, com estrelas e planetas como a Terra.
Os cientistas do Cern também esperam encontrar evidência concreta da matéria escura, que acredita-se ser responsável por cerca de 25% do Universo. Apenas 5% do total do Universo representa material visível, que reflete a luz. Os pesquisadores, no decorrer dos estudos no LHC, também esperam encontrar prova real da existência da energia escura, que representa os cerca de 70% restantes do cosmos.
O desafio agora é repetir essas colisões com cada vez mais feixes de partículas e mantar os detectores coletando e armazenando dados, os quais serão analisados por dois anos, até a interrupção do funcionamento do acelerador pelo período de um ano.
Só depois, quando o LHC for revisado, os cientistas tentarão elevar a acelaração dos feixes de partículas a 14 TeV, a potência máxima que o colisor pode alcançar e que é ainda mais próxima da criação do Universo.
Fonte: CERN

Um comentário:

  1. O LHC me impressiona. Fico arrepiado diante destas portas abertas e das inúmeras possibilidades que emergem.

    Professor, parabéns pelo trabalho! O blog está muito bom!

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